sábado, 10 de abril de 2010

Até sempre, Mana…

Nem sei bem como hei-de começar este post. Nunca pensei ter de o escrever um dia, muito menos durante este ano.
Quando disse que ainda escreveria estes dias, nunca podia imaginar que iria escrever sobre a partida da minha mana querida, da minha confidente, da minha metade.
Partiu para o Pai, dia 9 de Abril, pelas 12h05, a Bá, minha mana do coração. Após um longo período no hospital, serena partiu para Deus.
Estou com o coração trespassado pela dor, com uma lança espetada dentro de mim. Não sei o que pensar, não sei o que sentir, não sei o que fazer. Não consigo perceber porque teve de acontecer assim, agora. Não consigo conceber como vai ser a minha vida daqui para a frente sem ela, como vou eu acordar de manha e saber que não posso ir com ela ao café, que não podemos ir passear, que não podemos sentar-nos a conversar… Como será agora?
A tudo isto se agrava esta distância física. Estou exactamente do outro lado do mundo, exactamente. Sei bem que ela partiu triste por eu não ter estado ao lado dela, mas também sei que entendeu a minha decisão. É aqui que devo estar este ano. É aqui que tenho de estar, realizar as funções e responsabilidades que assumi. É aqui. Em mais lado nenhum. É fácil? Não. Nada fácil. Estar deste lado e saber que do outro lado ela vai descer á terra dentro de uma sequencia de tábuas. Estar deste lado do mundo e saber que os seus filhos precisam de um abraço apertado. Estar deste lado do mundo sem poder acompanhar uma família que sofre, que ama, que vive esta perda sem saber muito bem como o fazer. Apenas e só pelo telemóvel, me vou fazendo presente. Apenas estes dias em que tenho rede. Apenas algumas palavras. Apenas uma sucessão de lágrimas que se ouvem de ambos os lados do telefone. Gritos de dor. Lágrimas de não poder estar juntos a viver esta dor.
Felizmente não tenho de viver isto sozinha, não aguentaria. Tenho a Flor a meu lado, que me dá segurança e com quem posso chorar, chorar sem ter vergonha, sem ter de viver em silêncio a dor. Posso chorar, posso gritar, posso sofrer, porque a tenho a segurar-me a mão.
Levará consigo a minha capa de estudante, do curso que ela tanto gostou de me ver terminar. Levará com ela o meu coração, a minha vida. E antes de descer á terra, ouvirá as palavras que lhe escrevi. Porque eu estou longe, mas o amor que lhe devoto é de tão grande dimensão que nos faz ser apenas uma. E é por isso que ela vai, mas que leva com ela o meu coração, a minha alma.
Não será já a minha madrinha de casamento como tanto queria. Não irá mais comigo passear. Não se sentará mais comigo á mesa a conversar. Não escutará mais as minhas lágrimas nem mas irá mais enxugar. E hoje, hoje é por ela que as derramo, hoje é por ela que sofro, hoje é por ela que digo que não sei como vou viver a partir daqui. Não sei como vai ser.
Estou de coração prostrado no chão. Estou desfeita. Estou arrasada.
Perdi a minha mana. Perdi o meu amor.
Até sempre meu amor. Até sempre minha irmã. Até sempre, até já…

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