sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

E em Março estão de Parabéns!

E apesar de ainda ser cedo, para não atrasar, ficam já os parabéns de Março!

Dia 1- Cris

Dia 2 – Mãezinha!!! ; Paula Alves

Dia 10 – Isabel Ribeiro

Dia 13 – Rita; Patrícia (Orbis)

Dia 24 – Sandra (Assumar)

Dia 27 – Dra. Sónia Galinha

Dia 31 – Marta; Valter Picanso

Que Deus vos conserve sempre um sorriso e encha as vossas vidas de bênçãos!

Olá de Timor Leste!


Olá olá!
Sempre que passo na internet é a correr e quando tenho mais tempo, é para procurar materiais para trabalhar… O blog acaba por ser só para publicar uma ou outra coisita a correr… Não é que não me lembre… Apenas vai surgindo isto e aquilo e acaba por passar da ideia…
Depois também existe outro motivo… Não quero publicar aqui o mesmo que vai nos e-mails gerais, aos quais grande parte de vós tem acesso… E escrever muitas coisas diferentes exige disponibilidade e vontade… Que por vezes me falta….

Hoje, decidi publicar uma montagem de alguns momentos felizes, momentos de vida vivida aqui em Timor e escrever-vos umas poucas palavrinhas, só para partilhar um pouco do que vou experimentando por aqui e que me faz em cada dia renovar a certeza de que não haveria outro lugar no mundo onde eu preferisse estar…
Não partilho sobre trabalho, tarefas e mais tarefas… Não partilho sobre cansaço… Isso, faz parte de relatórios e afins. Partilho sobre a vida, sobre sentimentos…
Tenho crescido muito por aqui. Tenho tido grandes lições de vida… Principalmente com as crianças…
As crianças de Laclubar são iguais a quaisquer crianças no mundo mas com uma particularidade: não têm acesso a grande parte do que as outras crianças pelo mundo fora têm… Recordam aquelas “latinhas”, com um utensílio para fazer bolas de sabão? Aquelas que usávamos quando crianças, e que hoje nas feiras já está industrializado e já existe como pistola, como máquina, etc… Pois… aqui as crianças fazem-no com folhas, com ervas… E resulta! Funciona ainda melhor! Recordam todas aquelas regras que existem nos infantários e nas escolas portuguesas, quanto aos espaços, ás características dos espaços, ao não ter nada que possa magoar ou ferir as crianças? Pois é, aqui as escolas são muitas vezes espaços sem janela (o que quando chove faz com que se tornem em “baldes”), onde existem umas cadeiritas e umas mesitas… Escolas onde não estou certa que se possa dizer que tenham aulas, pois grande parte do tempo, os professores estão á porta e as crianças a brincar sozinhas dentro da sala… Recordam que sempre que chove, aí na nossa realidade, as crianças ou não saem de casa ou vestem não sei quantas peças de roupa, impermeáveis e assim? Pois, aqui elas brincam na chuva, elas saltam, pulam, vivem á chuva, e soltam gargalhadas tão sonoras que só reflectem o seu contentamento… Recordam que aí, uma criança não pode brincar com tesouras, com objectos bicudos, com facas ou materiais cortantes? Pois aqui, elas trazem consigo uma catana… E não falo de crianças muito crescidas, falo dos mais pequeninos…
Podia passar o resto do post a escrever este tipo de exemplos… Mas… O que pretendo não é estabelecer comparações entre dois países que são de facto muito diferentes. Isso seria quase uma utopia. O que pretendo é apenas dar-vos a conhecer um pouco da realidade em que vivo agora, da realidade onde cada dia é uma lição de vida, onde as pessoas, começando de criancinha, lutam pelas suas vidas, pela sua sobrevivência, usando o pouco que tem. Aqui não se pensa muito no amanha, as pessoas vão vivendo o dia-a-dia, porque como muitas vezes já ouvi “Mana, eu hoje posso pensar uma coisa e amanhã a vida pode mudar-me as ideias, só Deus é que sabe…”…
Claro, que alguns me dirão “não podes pensar assim… são culturas diferentes…” . Pois. È verdade, direi eu. Mas pergunto: devia ser assim? Em pleno século XXI, deveriam haver crianças a morrer á fome? Deveriam haver populações isoladas por falta de uma simples ponte ou estrada? Deveriam existir estas diferenças tão acentuadas? Sei que falo de utopias, mas inquieta-me bastante e ao longo destes meses por aqui tenho sentido cada dia mais que vivemos numa sociedade consumista (da qual também eu faço parte e da qual não me posso excluir como é óbvio) que de solidária tem umas campanhas de vez em quando apenas…

Também aqui vemos isso. Aqui, em Timor Leste! Sim, é verdade. Basta passear um pouco pelas ruas da capital Dili. Vemos dezenas, senão centenas de carros da ONU que passam o dia a fazer passeios… Não ponho em causa o trabalho deles, apenas o uso dos materiais de que dispõem…
Aqui, eu aprendi a confiar mais e a entregar mais para Deus. Não apenas este ano. Mas toda a minha vida. Aprendi a ser mais d’Ele e para Ele.
Claro que não posso dizer-vos que não tenho saudades de algumas pessoas. Claro que não posso dizer-vos que não sinto falta de algumas coisas. No post que escrevi “ao fim de três meses” ironizei um pouco a situação e foi uma partilha mais a nível de brincadeira, mas a verdade é que não é fácil. Não é fácil viver quase sem recursos. Não é fácil “sair da nossa cultura” para integrar uma totalmente diferente… E não é fácil estar longe da família e dos amigos. Não se aprende nos livros o quanto custa a distancia dos que amamos.
Mas, em cada dia me sinto feliz. Acordo e adormeço sempre feliz, desde que estou aqui. Porque tenho a certeza de que sou uma privilegiada por ter a oportunidade de estar aqui, por ter a oportunidade de viver este ano com estas pessoas, neste país… Sou uma privilegiada que tem a oportunidade de crescer em cada dia com este povo, com esta cultura.
E louvo a Deus Pai. Pelo privilégio. Por me mostrar em cada dia que não haveria outro lugar no mundo onde eu quisesse estar agora…

E por agora fico por aqui… A noite já se faz grande e o sono aperta…

Um abraço hospitaleiro,

Catarina

Quase a fechar o mês, vão os parabéns!

Ainda que atrasados, não me esqueci!

Em Fevereiro estão de Parabéns:

Dia 1- Rodrigo (meu amor lindo!!!! Saudades puto!!!)

Dia 16 – Ilhas do Pico!!!!!

Dia 20 – Mariana Almeida; Andreia Rosa

Dia 26 – Meu mano lindo!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ao fim de três meses!

Dei-me conta que...

* Aqueles amigos que eu mais julgava que estariam presentes, ainda não disseram uma palavra desde que cheguei aqui;
* Aquelas pessoas que mais fizeram questão de me dizer que ligariam, ainda nem um toque deram;
* “Saudade é “ mesmo “o amor que fica”;
* Viver longe do nosso país, dos nossos amigos, da família, não é tão fácil como eu pensava;
* Existem dias em que pergunto se estarei a fazer o correcto;
* Viver as questões familiares (em especial as mais difíceis) á distância é do mais cruel que há;
* Vou deixando de telefonar e de mandar mensagens e nos últimos tempos só já falo com aquelas pessoas essenciais;
* Adaptar-se a uma cultura diferente não é assim tão fácil;
* Começo a sentir saudades de pequenas coisas do dia-a-dia;
* Começo a sentir a falta da tosta mista, do hambúrguer do McDonalds, das batatas fritas da Ruffles;
* Todos os sentimentos são mais sublimes e vividos mais profundamente á distância;
* Sentir saudades de casa e ainda assim não querer voltar, significa que estamos exactamente onde devíamos estar;
* Apesar de em alguns dias ser difícil, continuo a afirmar que não haveria outro lugar onde eu quisesse estar agora;
* Afinal é possível viver sem leite de pacote;
* Afinal é possível viver sem queijo amanteigado e tostinhas barradas;
* Afinal é possível, viver sem Néstum;
* Afinal é possível viver bem e feliz sem usar a Internet todos os dias;
* Afinal é possível falar com os amigos sem ser pelo MSN;
* Afinal é possível parar a cumprimentar alguém, ainda que se vá atrasado;
* Afinal é possível ter tempo;

Ao fim de três meses, eu percebi que a frase do calendário é, exigente mas possível!
“Faz o que podes, com o que tens, onde estiveres!”

Catarina António, Janeiro de 2010

Ao fim de três meses!

Dei-me conta que...

* Aqueles amigos que eu mais julgava que estariam presentes, ainda não disseram uma palavra desde que cheguei aqui;
* Aquelas pessoas que mais fizeram questão de me dizer que ligariam, ainda nem um toque deram;
* “Saudade é “ mesmo “o amor que fica”;
* Viver longe do nosso país, dos nossos amigos, da família, não é tão fácil como eu pensava;
* Existem dias em que pergunto se estarei a fazer o correcto;
* Viver as questões familiares (em especial as mais difíceis) á distância é do mais cruel que há;
* Vou deixando de telefonar e de mandar mensagens e nos últimos tempos só já falo com aquelas pessoas essenciais;
* Adaptar-se a uma cultura diferente não é assim tão fácil;
* Começo a sentir saudades de pequenas coisas do dia-a-dia;
* Começo a sentir a falta da tosta mista, do hambúrguer do McDonalds, das batatas fritas da Ruffles;
* Todos os sentimentos são mais sublimes e vividos mais profundamente á distância;
* Sentir saudades de casa e ainda assim não querer voltar, significa que estamos exactamente onde devíamos estar;
* Apesar de em alguns dias ser difícil, continuo a afirmar que não haveria outro lugar onde eu quisesse estar agora;
* Afinal é possível viver sem leite de pacote;
* Afinal é possível viver sem queijo amanteigado e tostinhas barradas;
* Afinal é possível, viver sem Néstum;
* Afinal é possível viver bem e feliz sem usar a Internet todos os dias;
* Afinal é possível falar com os amigos sem ser pelo MSN;
* Afinal é possível parar a cumprimentar alguém, ainda que se vá atrasado;
* Afinal é possível ter tempo;

Ao fim de três meses, eu percebi que a frase do calendário é, exigente mas possível!
“Faz o que podes, com o que tens, onde estiveres!”

Catarina António, Janeiro de 2010